quarta-feira, 18 de maio de 2011

28- PELA PRIMEIRA VEZ, FILMES PAGOS SUPERAM A PIRATARIA NA INTERNET. POR CAUSA DOS PREÇOS JUSTOS.

Como é que é no Brasil? Pirataria: chama a polícia. Prende, pega o coitado que vende filmes na esquina a R$ 3,00 com qualidade duvidosa, mostra na TV tratores quebrando CDs e DVDs. Ninguém discute a causa desta indústria clandestina –os preços altos dos serviços legais. Ninguém pergunta, também, quanto custa toda essa repressão.

Como é que está acontecendo nos EUA: serviços eficientes, como o Netflix, cobram US$ 8,00 por mês de cada assinante -que passa a ter o direito de assistir quantos filmes quiser, com ótima qualidade, na hora que escolher. Com este preço, convenhamos, não vale a pena arriscar na qualidade do vendedor de DVD da esquina. Nem mesmo esperar algumas horas pelo download grátis de um Torrent, não é mesmo?

Informações divulgadas ontem nos EUA (revista Wired ou caderno TEC do Estadão, para quem quiser mais detalhes) mostram que, pela primeira vez, o volume de tráfego de dados da Netflix bateu todos os outros serviços de internet –inclusive os chamados peer to peer (P2P), onde acontecem as trocas de conteúdos grátis, a chamada pirataria.

Alguns dados: o entretenimento por streaming (vídeos e músicas) é responsável por metade do tráfego de dados da internet nos EUA. Só que o volume dos P2P (onde acontece a troca de conteúdo grátis, que chamam de pirataria) dominava o pedaço. Agora, o volume da Netflix é campeão, com 30% à frente do You Tube e dos Torrents (P2P).

Isto significa que, talvez pela primeira vez na história da internet, o maior volume de tráfego é de conteúdo pago.

Parece que Holywood achou o caminho. Assim como a indústria de música está se desenvolvendo nos iTunes da vida –cada música vendida para download a US$ 0,99. Os livros também encontraram a forma de se desenvolver online  –livros digitais já vendem mais que livros de papel. Só falta revistas e jornais construirem seu pacto com o consumidor –achar um preço que pareça justo para os dois lados.

Então veja: empresas modernas, conteúdos de qualidade, formatos inteligentes e fáceis de acessar, preços decentes, parecem ser a fórmula para esta nova internet, que não vive só de conteúdo grátis. (Aliás está cheia de conteúdos grátis que ninguém acessa.) É preciso repensar negócios, rever preços. Quando tudo funciona direitinho, dá certo. As pessoas aceitam pagar por um serviço ou conteúdo de qualidade que não quer explorar você.

Enquanto isso, no Brasil, ficamos só assistindo. O governo, em vez de ativar a repressão, deveria diminuir os impostos destes serviços. Sairia mais barato e seria mais efetivo, na luta contra a pirataria.

Temos uma das piores e mais caras bandas largas do pedaço. TV a cabo que a maioria não consegue pagar. Aluguéis de filmes (velhos) com valores altos. Livros digitais pelo preço dos livros de papel. Compra de música segue o mesmo roteiro. Jornais e revistas empurrando o problema com a barriga, tentando aumentar a sobrevida dos negócios tradicionais, baseados no papel.

A Netflix, dizem os jornais, está chegando ao Brasil.  Será que vamos ter que esperar a chegada de quem deu certo lá fora para nos ensinar como lidar, com respeito, com o consumidor brasileiro?