quarta-feira, 17 de outubro de 2012

41- O ESTADÃO, A FOLHA E O GLOBO GANHARAM UM NOVO CONCORRENTE DE PESO: O NEW YORK TIMES.


A partir de 2013 você vai poder ler no seu iPad, computador ou iPhone, um novo jornal. Nada menos que o famoso The New York Times, agora em português. Edição brasileira, com matérias locais e internacionais, com a chancela de qualidade do NYT. Assim como eles já estão fazendo na China. Pode não ser pouca coisa não, para o negócio do jornalismo no Brasil. Acho bom ficarem espertos.

Isso é apenas o começo, ou a continuação, de uma concorrência que –com os avanços da tecnologia- vai ficar cada vez mais global. Ou você nunca pensou que uma das maiores forças das novas tecnologias aplicadas aos jornais é a possibilidade deles terem leitores espalhados por todo o mundo? Essa possiblidade está ali, implícita nestas novas tecnologias. Só não vê quem não quer.

Em entrevistas aos jornais daqui, Arthur Sulzberger, Publisher e Presidente do grupo NYT, deu esta notícia e falou das novas tecnologias sem nenhum preconceito: “produzimos notícias de qualidade e publicamos onde nossos leitores preferem –no papel, no iPad, no computador. Quanto tempo vai durar o jornal de papel? Enquanto nossos leitores quiserem.” Este é o novo mundo.

Ele também fala na velocidade da nova tecnologia, na possibilidade de agregar vídeos ao material jornalístico. Com uma naturalidade que a gente não vê quando nossos empresários da mídia falam do futuro do jornalismo –sempre defendendo o negócio baseado no papel, no poder das grandes impressoras, da frota de caminhões para distribuição, da rede de bancas espalhadas pela cidade. Por isso a diminuição da venda de jornal nas bancas soa como o fim do negócio dos jornais. Quando pode ser apenas o reinício.

Vamos lembrar também que foi o NYT que criou o sistema de pagamento para notícias na internet chamado paywall –que, ao mesmo tempo que cobra dos assinantes, deixa uma abertura para quem quiser ler algumas notícias sem pagar nada. Isto é, você cobra porque tem que pagar sua estrutura de produção, mas não afugenta os leitores ocasionais. Ao contrário, mantém uma ligação com eles, que podem ser futuros assinantes. Este sistema está sendo copiado no mundo todo, inclusive no Brasil.

Não tem mais sentido tantos veículos gráficos brasileiros que, moderninhos, lançaram seus Apps no iPad. Cobram o mesmo preço da banca (apesar da edição digital não ter os custos da edição de papel) e não deixam o não pagante ter acesso a nada. Esse é o comportamento da maioria das revistas brasileiras, que ainda não aprenderam a lidar com a cultura das novas tecnologias.

Sugiro darem uma olhada no App da The Economist, respeitada em todo o mundo, onde você compra ou assina a revista ou, sem pagar nada, tem acesso às principais matérias selecionadas pelos editores. Podemos chamar isso de venda futura. Ou mesmo de manter o interesse e aumentar o valor da marca. Aumentar a distribuição. É uma bela decisão estratégica, não acha? Além de ser muito simpática.



Aí perguntaram para o Arthur Sulzberger se o NYT também ia trabalhar com a tecnologia HTML5 (a Folha usa esta tecnologia) para fugir da ditadura da Apple. Pergunta preconceituosa, também, porque os empresários brasileiros acham muito cara  a comissão que a Apple cobra para vender seus jornais (acho que é 20%). Ele respondeu que não pretendia sair daquela tecnologia, mas sim acrescentar uma outra possibilidade.

O que os empresários que reclamam da Apple não enxergaram ainda é que a Banca do iPad abriu a possiblidade de você vender seu jornal no mundo inteiro. Por isso o NYT está lá e por isso mesmo ele vai lançar sua edição brasileira. Quanto vale uma distribuição mundial e instantânea? Que valor agrega a seu produto e sua marca? Quanto custa a mais ou a menos que a velha impressão/distribuição do jornal de papel?

São novos tempos, novas tecnologias. Que precisam de novas respostas. E convidam as pessoas a pensar grande. Sem os limites da banca da esquina.