sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

12- iPAD VIRA LIVRO ESCOLAR.

Aconteceu esta semana: uma escola do Tennessee (EUA) decidiu exigir o uso de iPads pelos seus estudantes de 8 a 18 anos, para substituir seu livros didáticos pelos tablets eletrônicos. Tem uma explicação didática -já que as crianças também podem utilizar todas as possibilidades do tablet nas suas aulas. E uma explicação que tem a ver com saúde –alguns alunos chegavam a carregar nas costas, na mochila, quase 20 Kgs de livros didáticos. Ufa, que alívio.

Mas veja como as coisas mudam cada vez mais rápido. Não faz muito tempo, o Nicholas Negroponte, gurú de tecnologia do MIT, fez campanha pelo mundo inteiro para os países distribuírem um notebook por criança. Se lembra do notebook de cem dólares? Esteve no Brasil, falou com o Lula (lembra do Lula?). Pois já virou uma idéia velha. A última da tecnologia vai ser agora um tablet por criança. Para deixar todo mundo conectado.

O tablet é mais leve, mais prático, mais rápido, mais intuitivo, mais prazeroso, oferece mais mobilidade. É tudo de bom na mão de uma criança. Meu neto de 10 anos pegou meu iPad pela primeira vez e saiu navegando como se conhecesse o bicho há 10 anos. Nasceu com ele na mão.

E isto é só o começo. O iPad ainda nem completou um ano de vida: foi lançado em abril de 2010 e já está para sair o iPad2, com várias evoluções.  Também estão saindo dezenas de concorrentes de todas as marcas –com sistema Android ou Windows. Com tanta concorrência, adivinhe o que estas maquininhas estarão fazendo daqui a mais um ou dois anos.

Agora imagine um dia no mundo inteiro. Cada criança com seu tablet, carregando, em menos de 1 quilo, todos os livros que precisa. Sem custo de papel, de impressão, de energia, de distribuição. Em quanto tempo o tablet se paga? Não pode ser uma boa idéia para o nosso governo?

E quantas árvores serão poupadas por não fazer papel, quanta eletricidade não será usada nas impressoras,  quanta gasolina não será usada nos caminhões que distribuem tudo isso, quanto CO2 não será jogado no ar? Dá para fazer as contas?

Você acabou de descobrir quanto o nosso planeta ganha com isso. E esta talvez seja a melhor lição que nós todos  vamos ter com esta nova tecnologia.

sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

11- NEW YORK TIMES JÁ TEM 1,5 MILHÃO DE LEITORES EM iPADS.

NYT divulgou hoje: 1,5 milhão de pessoas já baixaram seu aplicativo para iPad. Muito mais leitores que o NYT no papel, que chegam a 950 mil no dia-a-dia e 1,3 milhão aos domingos. E, pelo que parece, o aumento de leitores digitais não afetou muito a quantidade de leitores no papel. O que é muito bom, embora a tendência seja a troca de uma mídia para a outra –mais cedo ou mais tarde.

O NYT parece ter trabalhado direitinho: encarou o iPad como uma nova mídia e fez uma versão especial para o tablet –diferente do NYT na internet. O que significa encarar o iPad como um novo negócio, com anúncios diferentes do que ele vende para a mídia impressa. Já tinha divulgado, mês atrás, que mídia eletrônica (em geral) hoje significa 30% de seu faturamento publicitário. Tá crescendo.

Assim eles podem tentar pagar a nova edição só com anúncios –e deixar grátis para os leitores, modelo preferido pela cultura da internet. Ou pagar parte com anúncios e vender o jornal para o assinante por preço compatível com a mídia iPad (Murdoch vai lançar seu The Daily, dia 17, por US$ 0,99 por semana).

Pausa. Talvez o que a gente esteja discutindo aqui não faça muito sentido para quem não é usuário de iPad ainda. Mas, acreditem, a experiência de ler jornais e revistas num tablet é completamente diferente de ler na internet - num notebook ou desktop. É muito mais prazeroso ter uma tela na mão que você carrega para todo lugar. Onde se  lê jornais e revistas formatados especialmente para facilitar e melhorar nossa relação com as informações.

Sem falar na possibilidade de novas formas de comunicação que eles podem acrescentar, para tornar esta experiência de ler jornal ainda mais diferente –filmes, fotos 360, entrevistas gravadas, e por aí vai. O que a gente vê hoje é só o começo, mostra apenas o potencial desta nova mídia para os veículos de papel. Fim da Pausa.

Aqui no Brasil o que a gente sabe é que a Folha seguiu o mesmo caminho do NYT –formato especial para iPad, o que quer dizer anúncios diferentes para a versão tablet. E acesso grátis (pelo menos por enquanto) para os leitores. Por isso mesmo é o mais acessado na nova mídia. Acho que está no caminho certo.

Não temos muitos números desta experiência. Mas aposto no crescimento dos leitores digitais da Folha espalhados pelo Brasil e até para outros países de língua portuguesa –e para centenas de milhares de brasileiros que moram fora do país. Quem sabe um jornal brasileiro não pode atingir números como aqueles lá de cima –mais de 1 milhão de leitores todo dia.

Os outros grandões, Estadão e o Globo, levam para o iPad a foto do jornal impresso –o que torna mais complicado o ato de leitura (você aumenta e diminui o texto com os dedos toda hora, empurra para baixo e para cima para conseguir enxergar aquela página grande numa tela pequena) e gera vários e demorados downloads de páginas, já que nossa banda larga é tão lenta. O que não é nada bom para nós leitores. Ainda mostra que não encararam a nova mídia como negócio. Como a gente diz, estão em cima do muro como a maioria dos nossos políticos.

Como esse pessoal aqui não quer ousar e testar seus próprios caminhos (adorariam empurrar com a barriga uma coisa que pode mudar profundamente seu grande negócio de hoje, baseado no poder de grandes impressoras e sofisticado sistema de distribuição: o jornal de papel), vamos ficar de olho no que acontece lá fora.

O NYT vai indo bem, por enquanto grátis para o leitor. Dia 17 o Murdoch lança o  The Dayli, primeiro jornal mundial criado especialmente para iPad, a US$ 0,99 por semana. Acredito que o modelo de negócio pode dar certo, é um preço compatível com a mídia. (Mas depende da forma de cobrar. Qualquer um paga 0,99 por semana. Ou até US$ 3,96 por mês. Já US$ 47,52 por ano faz as pessoas pensarem muito.) Só falta ver a qualidade do conteúdo. Bom conteúdo faz sucesso em qualquer mídia. Concorda?

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

10- FEIRA DE TECNOLOGIA CONFIRMA: 2011 É O ANO DOS TABLETS.

O ano começa com a famosa CES, feira de tecnologia em Las Vegas. Ela é que deixa a gente antever o que vai acontecer no mundo dos bits. E quem é a estrela da festa? Os tablets, é claro. Todos os fabricantes correndo atrás do iPad, para não deixar a Apple tomar conta sozinha deste novo mercado –como aconteceu com a música e os iPods.

Li vários especialistas na área dizendo que os concorrentes estão chegando, mas que nenhum consegue ainda enfrentar o iPad de igual para igual. A maioria vem de Android, o novo sistema da moda, preferido da turma da tecnologia (que trabalha com PC) que não vai com a cara da Apple. Que não quer ficar dependente do iTunes e ainda gosta de personalizar tudo que usa, como fazem com seus smartphones. Por isso os Android tablets devem se desenvolver bastante nos próximos anos e as vendas, é claro, vão crescer. E a Microsoft, para variar, deve correr atrás.

Os tablets vão ser mesmo os grandes leitores de tudo que é papel (jornais, revistas, livros) daqui pra frente. Os grandes leitores de vídeos (palestras, séries de TV, longas, youtubes, etc) e um dia vão se ligar, para isso, na tela grande de sua própria TV. (Quando a gente fala leitores também está dizendo compradores. Este é o novo negócio.) E vão até substituir os labtops em quase tudo (por isso os notebooks ficaram por trás da cena, apesar das inovações).

(Acrescentando colaboração de Ivo Herzog: Raul, o iPad já esta integrado com a telona da TV, via o Apple TV e o protocolo Airplay da Apple. Alias, este protocolo começa a aparecer em recievers dispensando o Apple TV. O iPad se tona um Media Center comandando toda a imagem e som que saem na sua TV.)

Outra boa novidade da feira é o 4G, banda larga dez vezes mais rápida para celulares e tablets, via telefônicas. Usei meu iPad lá nos EUA e aqui, no Brasil. A diferença da velocidade lá e aqui, nas bandas 3G de hoje nos celulares, e nos Wifis domésticos (que a gente compra em casa) e públicos (nos shoppings, cafeterias) é muito grande. Nossas bandas largas estão anos luz atrás das velocidades que eles conseguem. Mas têm preços muito maiores que a banda larga de verdade. Com a estréia do 4G então, vamos ficar ainda mais para trás. E estes novos tablets (como os novos smartphones) são muito rápidos. Mas dependem de uma banda decente para mostrar todo seu valor.

Uma outra notícia de começo de ano,  que combina com este futuro, diz que o governo americano vai distribuir iPads para estudantes. Nada de notebooks, netbooks, vão pular direto para o tablet. E nada mais natural botar a criançada para lidar com a nova tecnologia que está surgindo, que é muito mais intuitiva e fácil de usar. E que navega na internet que é uma beleza.

Aqui na terrinha, enquanto isso, no segundo semestre de 2010 as grande livrarias enfim entraram no negócio dos livros digitais. Puxadas pela Cultura e pela Saraiva, fizeram uma grande festa: o eBook chegou. Coisa que a Amazon já faz há muito tempo. 

E que é uma boa. Principalmente quando a gente viaja e leva uns 5 quilos de livros para passear– não sei viajar sem levar uns 3 livros que acabo não lendo e que viajam o mundo na minha mala. (Tinha um campeão de milhagens, Obras Completas do Drumond, em papel tipo bíblia, que fez várias viagens, até que perdi em algum aeroporto. O Drumond deve continuar viajando o mundo na mala de outra pessoa.)

Bem, já que o leitor de livros digitais mais vendido no mundo é o Kindle (da Amazon) e o novo sucesso de vendas é o iPad, seria de supor que as livrarias brasileiras formatassem os livros para eles. Mas não é bem assim. Temos eBooks para todos os leitores digitais (aí listam Sony, Positivo que nem tinha sido lançado, e outros que nunca ouvi falar) menos para iPad e Kindle. Não entendeu? Acho que eles só querem dizer que têm eBooks, não querem mesmo vender para valer. Quantos brasileiros espalhados pelo mundo têm Kindle ou iPad e comprariam um livro da Cultura ou da Saraiva no bom e velho português?

Sou usuário de iPad e Kindle. Prefiro levar livros no Kindle. A tecnologia com eTinta, sem luz por trás, é muito mais agradável para ler textos por muito tempo. Acho o iPad melhor mesmo é para livros especiais, ilustrados ou de fotografias.  Aí ele é imbatível. Então vou ter que continuar comprando livros na Amazon, que está aumentando a quantidade de livros em português. Se eu fosse leitor do Paulo Coelho, por exemplo, já teria ali suas obras completas.

Para não ficar tão feio a Saraiva lançou, na virada do ano, livros na versão iPad também –segundo diz, a primeira versão brasileira para o tablet. Enquanto isso, se você vai ao site da Amazon (criadora do Kindle) não encontra só livros digitais versão Kindle. Tem para iPad, tem para PC, tem para Mac, tem para tudo. Os americanos querem vender para todo mundo (já que livro digital não tem fronteiras, é um negócio mundial) e não têm preconceito contra os outros leitores. Venda é venda.

Se você fosse hoje um escritor brasileiro de sucesso, em que livraria on line você ia preferir vender seus livros? O mago escolheu a Amazon. Teve alguma visão?