NYT divulgou hoje: 1,5 milhão de pessoas já baixaram seu aplicativo para iPad. Muito mais leitores que o NYT no papel, que chegam a 950 mil no dia-a-dia e 1,3 milhão aos domingos. E, pelo que parece, o aumento de leitores digitais não afetou muito a quantidade de leitores no papel. O que é muito bom, embora a tendência seja a troca de uma mídia para a outra –mais cedo ou mais tarde.
O NYT parece ter trabalhado direitinho: encarou o iPad como uma nova mídia e fez uma versão especial para o tablet –diferente do NYT na internet. O que significa encarar o iPad como um novo negócio, com anúncios diferentes do que ele vende para a mídia impressa. Já tinha divulgado, mês atrás, que mídia eletrônica (em geral) hoje significa 30% de seu faturamento publicitário. Tá crescendo.
Assim eles podem tentar pagar a nova edição só com anúncios –e deixar grátis para os leitores, modelo preferido pela cultura da internet. Ou pagar parte com anúncios e vender o jornal para o assinante por preço compatível com a mídia iPad (Murdoch vai lançar seu The Daily, dia 17, por US$ 0,99 por semana).
Pausa. Talvez o que a gente esteja discutindo aqui não faça muito sentido para quem não é usuário de iPad ainda. Mas, acreditem, a experiência de ler jornais e revistas num tablet é completamente diferente de ler na internet - num notebook ou desktop. É muito mais prazeroso ter uma tela na mão que você carrega para todo lugar. Onde se lê jornais e revistas formatados especialmente para facilitar e melhorar nossa relação com as informações.
Sem falar na possibilidade de novas formas de comunicação que eles podem acrescentar, para tornar esta experiência de ler jornal ainda mais diferente –filmes, fotos 360, entrevistas gravadas, e por aí vai. O que a gente vê hoje é só o começo, mostra apenas o potencial desta nova mídia para os veículos de papel. Fim da Pausa.
Aqui no Brasil o que a gente sabe é que a Folha seguiu o mesmo caminho do NYT –formato especial para iPad, o que quer dizer anúncios diferentes para a versão tablet. E acesso grátis (pelo menos por enquanto) para os leitores. Por isso mesmo é o mais acessado na nova mídia. Acho que está no caminho certo.
Não temos muitos números desta experiência. Mas aposto no crescimento dos leitores digitais da Folha espalhados pelo Brasil e até para outros países de língua portuguesa –e para centenas de milhares de brasileiros que moram fora do país. Quem sabe um jornal brasileiro não pode atingir números como aqueles lá de cima –mais de 1 milhão de leitores todo dia.
Os outros grandões, Estadão e o Globo, levam para o iPad a foto do jornal impresso –o que torna mais complicado o ato de leitura (você aumenta e diminui o texto com os dedos toda hora, empurra para baixo e para cima para conseguir enxergar aquela página grande numa tela pequena) e gera vários e demorados downloads de páginas, já que nossa banda larga é tão lenta. O que não é nada bom para nós leitores. Ainda mostra que não encararam a nova mídia como negócio. Como a gente diz, estão em cima do muro como a maioria dos nossos políticos.
Como esse pessoal aqui não quer ousar e testar seus próprios caminhos (adorariam empurrar com a barriga uma coisa que pode mudar profundamente seu grande negócio de hoje, baseado no poder de grandes impressoras e sofisticado sistema de distribuição: o jornal de papel), vamos ficar de olho no que acontece lá fora.
O NYT vai indo bem, por enquanto grátis para o leitor. Dia 17 o Murdoch lança o The Dayli, primeiro jornal mundial criado especialmente para iPad, a US$ 0,99 por semana. Acredito que o modelo de negócio pode dar certo, é um preço compatível com a mídia. (Mas depende da forma de cobrar. Qualquer um paga 0,99 por semana. Ou até US$ 3,96 por mês. Já US$ 47,52 por ano faz as pessoas pensarem muito.) Só falta ver a qualidade do conteúdo. Bom conteúdo faz sucesso em qualquer mídia. Concorda?
Ontem o Raul e eu estávamos tomando um café enquanto ele navegava a web com seu iPad. A garotada que estava ao redor ficavam de boca aberta com o tablet e surpresos de verem dois senhores grisalhos detonando o brinquedinho novo.
ResponderExcluirO iPad, mais do que uma nova tecnologia, é um meio humanizado de "tocar" e mostrar o que se quer: é a mente, emoção e corpo interagindo simultaneamente, real time.