Comecei a escrever este blog no fim de 2010. Com um iPad novo na mão,
fiquei impressionado com as mudanças que ele logo fez na minha vida. De uma
hora para a outra. Todo dia descobria uma coisa nova. E já dava para enxergar
todas as mudanças que vinham pela frente.
Não precisava mais ir até a banca da
esquina. Tinha o jornal no iPad todo dia, era só baixar. E não só um jornal,
passei a ler dois, três, dar uma olhada nas manchetes de vários outros jornais do mundo todo.
Ainda fazia meu jornal pessoal no twitter, com os jornalistas que gosto,
respeito, tipo Miriam Leitão e Washington Novaes. Tomei um porre de informação.
Comecei a baixar e ler livros no iPad,
que podia levar nas viagens, ou ler em qualquer lugar, enquanto esperava o
dentista ou uma reunião. Podia alugar filmes, para assistir no avião. Podia ter
joguinhos, para passar o tempo em qualquer lugar. Podia carregar meus
documentos e apresentações, sem o peso do notebook.
Fiquei viciado no iPad.
Aí comecei a imaginar o choque que isso ia
causar logo logo no modelo de negócio de revistas e jornais, depois dos livros,
depois da televisão. Quanta mudança as empresas iam ter que fazer para
sobreviver, depois da entrada em cena do iPad e de seus seguidores, os tablets
de outros fabricantes. Teriam que repensar totalmente seus modelos de negócio.
Do mesmo jeito que o iPhone tinha
revolucionado o mundo da música, o Ipad ia mudar o mundo dos jornais e
revistas, dos livros, da televisão –e dos negócio em geral, que usam estas
indústrias para se comunicar com seus clientes.
Achei que isso dava um belo blog. E,
além de tudo, ia me obrigar a me manter atualizado sobre as novas
tecnologias.
Minha geração tem esse privilégio, passou
por todas as mudanças de tecnologia dos últimos anos, e percebe essas coisas
acontecendo. Cada vez mais rápido. A nova geração, que já nasceu com o celular
na mão, nem imagina como era nossa vida antes dos aparelhinhos que carregamos
para baixo e para cima. É tudo tão natural para eles. Bebês já mexem no iPad
instintivamente. Como mostrei no blog.
Sempre vivi de escrever. Primeiro numa
máquina de escrever, depois no computador de mesa, depois notebook, agora no
iPad. Como jornalista, mandava informação por telefone (às vezes do orelhão) ou
por telex, depois por fax, por fim a internet e o email. Como publicitário vi
meu anúncios serem montados a mão, com ilustracões desenhadas por grandes
artistas e letraset -antes da Apple mudar todo o mercado gráfico. Montei muito
filme em moviola, onde você cortava fotograma por fotograma na mão, depois
colava com durex. Hoje faz tudo isso num computador.
Vivemos um tempo de mudanças profundas
nos negócios, na política, no nosso dia a dia. Incentivadas pelas novas
tecnologias. Adoro me sentir no meio dessa confusão e procurar enxergar o que vem
pela frente. Por isso me divirto bastante escrevendo este blog.
Só que eu esperava que as empresas
também se entusiasmassem com a busca do novo. E assim eu teria assunto toda
semana para escrever e comentar. Mas o que acontece na prática é que as
empresas não estão interessadas em mudar rápido assim. Porque está em jogo o
poder que elas têm.
Até outro dia, para fazer um jornal e
concorrer com os Mesquita e os Frias, você precisava de muito dinheiro para
comprar rotativas gigantes para imprimir o jornal, comprar toneladas de papel, e
ainda ter uma frota de caminhões para distribuir pela cidade, pelo estado,
aviões para levar para o resto do país. Hoje, teoricamente, meia dúzia de bons
jornalistas fazem um jornal digital e distribuem pela internet. O negócio de
jornais ficou mais democrático.
Mas não é tão simples assim. O jornal de
papel dava e ainda dá algum dinheiro. O modelo de negócio do jornal digital
ainda não está bem resolvido. Pouca gente está fazendo lucro com este formato.
Os grande jornais mundiais, tipo New York Times, estão investindo e procurando
os novos caminhos. Os outros estão esperando para ver os resultados. Quando dá
certo, todo mundo vai atrás. Pouca gente se arrisca a buscar o novo. Parece que
nem têm interesse em apressar o processo.
Enquanto isso, no mundo digital, no meio
de uma avalanche de informações, as pessoas procuram filtros seguros, que
garantam qualidade para a informação que gostam de ler. E aí os Mesquita e os
Frias saem na frente, têm a confiança de seus leitores de muitos anos. Têm
imagem de marca. Vamos ver como isso tudo evolui.
Acontece que minha praia não é
tecnologia, que muda toda hora. E tem muita gente boa escrevendo sobre isso.
Meu negócio é comunicação. Estava escrevendo aqui sobre a relacão entre
tecnologia e comunicação, um pouco de marketing, para discutir as mudanças que
estão acontecendo. Mas o tema tecnologia acabou me limitando, não falava de uma
série de assuntos que me interessavam, porque escrevi ali em cima do blog que
meu tema era comunicação e tecnologia.
Ao mesmo tempo estava arrendondado na
cabeça uma teoria que batizei de Communication Thinking, na falta de uma
expressão mais precisa para explicar em português. Acho que é uma forma de
mostrar como um profissional de comunicação pensa as coisas –os negócios, as
empresas, as imagens de marca, os acontecimentos, e até mesmo pessoas, quando
elas representam alguma coisa importante.
Por isso tudo, resolvi mudar o foco do
blog daqui para a frente. Não muda tudo, porque o que fiz até agora está
contido nesse novo conceito. Mas amplia meu interesse nas coisas que vou
discutir com vocês. Me dá mais liberdade. E fica bem próximo do meu trabalho
hoje, quando dou consultoria para empresas, ou até para politicos de vez em quando.
Espero que vocês gostem, entendam melhor o que estou chamando de Communication
Thinking.
ola raul!
ResponderExcluirpasso por aqui por recomendação de meu pai...zé alves!
estarei na área com frequência e parabéns pelo espaço!
abraço...
Obrigado, Ricardo. O Zé é um cara muito querido. Fique à vontade para palpitar quando quiser. Abraço.
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