quarta-feira, 29 de janeiro de 2014

49- 0 CASE DE COMUNICAÇÃO DE 2013, SEGUNDO O COMMUNICATION THINKING: FRANCISCO.

O Arcebispo de Buenos Aires, Jorge Mario Bergoglio, era um ilustre desconhecido até 13 de Março de 2013. Foi eleito Papa e ganhou o mundo, instantaneamente, com uma única palavra: Francisco.
Não precisou nem explicar a escolha do nome. Jornais, radios, Tvs e redes sociais do mundo inteiro decifraram rapidinho a mensagem que este nome trazia. Era o que todos nós também já sabíamos, ou pelo menos sentimos, quando ouvimos o nome Franscisco. Bergoglio só precisou confirmar tudo isso depois.

E os resultados vieram logo: Bergoglio ficou popular e amado de um dia para o outro, melhorou a imagem e botou a igreja com força na mídia mundial, aumentou bastante a audiência de todos os eventos que o Papa participa, recuperou (pelo menos em parte) a confiança dos fiéis na igreja.
Como fez isso? Reativou um nome que é um verdadeiro arquétipo de bondade, humildade e dedicação aos pobres, cheio de valores e significados.
E apresentou uma pessoa, com uma história de vida  com alguma coerência, para receber este nome. Logo se divulgou que ele era conhecido por um estilo pessoal despojado e frugal de viver. Morava num pequeno quarto, atrás da Catedral de Buenos Aires, cozinhava sua própria comida e usava sempre transporte publico, ônibus e metrô. Gostava de conviver com pessoas simples. Bergoglio deu conta do recado.
Agora ele está praticando (ou tentando praticar), com palavras e ações, tudo que essa palavra promete. Carisma ele já tem. Apoio da mídia e opinião pública também. Vamos ver onde vai chegar.
Inspiração divina ou ação preconcebida -tipo indicados ao Oscar, onde atores se dizem sempre surpresos com o prêmio, mas têm sempre um discurso ensaiado? Nunca vamos saber. Mas o que interessa é que funcionou. E muito bem.
Você conhece algum case com resultados melhores que este?


segunda-feira, 27 de janeiro de 2014

48- COMMUNICATION THINKING ACONTECE NO MUNDO VIRTUAL. DENTRO DA NOSSA CABEÇA.

Lembra da época em que a indústria automobilística tinha que construir um protótipo para testar um carro novo? Eles faziam um carro de verdade, do jeitinho que ele ia ser, para passar no túnel de vento e cumprir todos os outros testes que iam provar que o design era aerodinâmico, que o carro era seguro, e assim por diante. Hoje existem softwares que fazem a mesma coisa. Os designers criam um carro virtual, que passa por todos os testes de verdade. Só que no computador. Ficou mais rápido, mais barato e até mais seguro criar e lançar um carro novo.
Os arquitetos fazem a mesma coisa para testar seus prédios, principalmente estes prédios modernos, que usam materiais especiais. Vem logo à cabeça da gente estes prédios diferentes, que são construidos para serem marcos arquitetônicos no visual de uma cidade -como parte de seu projeto de comunicação com seus habitantes e com o mundo. Viram pontos turísticos que rejuvenescem a imagem das cidades.
Pense no Guggenheim de Bilbao. Não é só um museu, é a nova cara da cidade. Ele foi criado pelo arquiteto canadense/americano, Frank Gehry, um dos mais afinados com as novas tecnologias. O prédio é todo coberto por superficies de titânio curvadas, que lembram escamas de peixe, porque Gehry gosta de lembrar formas orgânicas nos seus trabalhos.

Para executar obras como esta, ele precisou criar um software especial, porque os que existiam para arquitetura não conseguiam trabalhar com estes novos materiais. Foi procurar a Dassault, fábrica de aviões, e fez parceria com eles para criar um software que pudesse trabalhar formas curvas e aerodinâmicas, usando metais, como a Dassault faz com os aviões. Belo resultado, não é?
Pois bem, para praticar Communication Thinking é a mesma coisa. Só que o mundo virtual não está no computador, está na nossa cabeça. Na nossa imaginação. E o software é nossa experiência em lidar com comunicação, branding, marketing, e ainda nossa intuição -porque não? Você olha para uma empresa, enxerga os valores que eles escolheram para o DNA do que eles pretendem realizar. E vê como a empresa se comporta com eles.
A maioria das empresas tem lá os chamados Valores e Missão. Onde alguém escreveu coisas que são politicamente corretas. Coisas que estão na moda, só para dizer que estão em dia com o mundo em redor. Mas que ninguém leva em conta no dia a dia da empresa. Não perceberam que os valores das empresas servem, em primeiro lugar, para unificar as pessoas, criar objetivos comuns -para todo mundo saber para que lado que tem que correr. Infelizmente não são criados com esta intenção e acabam virando peças de decoração, emoldurados na recepcão da empresa -para mostrar para as visitas como nós somos legais.
Do mesmo jeito que a natureza faz o DNA da gente, que nos predispõe a várias coisas durante a vida, os valores são o DNA das empresas. E olha que criar estes valores é uma coisa que uma empresa pode fazer com toda liberdade do mundo. É um verdadeiro processo livre de criação: queremos ser isso ou aquilo, ter esses valores, nos relacionar assim com a sociedade, e vai embora. Só é importante saber, antes de tudo, que não adianta nada fazer uma lista de valores nobres, se a empresa não pretende cumprir o que promete. Aí fica pior. É melhor ser mais modesto, mas ser coerente com a cultura da empresa.
Aí você chega lá, olha  e se pergunta: Eles fazem o que dizem, isto é, levam a sério os seus próprios valores? Os valores escolhidos têm a ver com o negócio deles? Realmente representam a cultura da empresa? Os valores ainda “conversam” com os clientes e com o meio onde eles vivem? Conseguiram assim se diferenciar dos concorrentes? Está claro o que eles querem ser quando crescer? E todas as perguntas necessárias para o trabalho que você pretende realizar.
Com a prática a gente aprende a fazer isso rapidinho e começa a descobrir como fazer a empresa ter uma cara diferente. Porque considero que o objetivo final de todo trabalho de comunicação é construir uma imagem de marca forte e diferenciada para nosso cliente. É trabalhar os famosos intangíveis, que podem aumentar e muito o valor do negócio deles. E é disso que eles gostam.
Depois que a nova cara da empresa virtual foi criada pelo nosso trabalho, (fazendo as modificações que a gente deseja, no DNA antigo da empresa) a gente pode até testar este novo modelo no mundo real. Com pesquisas, seminários internos, conversas com os principais clientes. Eles funcionam como nosso túnel de vento, para ver se aquele lindo design tem boa aerodinâmica. Se o virtual vai funcionar bem no mundo real. Onde as coisas realmente acontecem.


domingo, 19 de janeiro de 2014

47- O QUE É COMMUNICATION THINKING?

Quando eu trabalhava como redator, as agências de propaganda eram grandes e departamentalisadas. O pessoal de atendimento ia ao cliente (só ele, era o dono do cliente), depois passava suas necessidades para o pessoal de planejamento, que preparava um belo briefing para a criação. E nós dependíamos da qualidade deste dois caras aí para ter um bom pedido de trabalho, com informações de qualidade que ajudassem a criar belas campanhas.

Tinha caras muito bons de atendimento e de planejamento, mas eram poucos. E todos os criadores queriam trabalhar com eles. Uma boa peça de planejamento já vinha com ideias prontas (que nós reconhecíamos como ideias, eles não) e até com os títulos do anúncios, prontinhos para serem copidescados. Eles só não faziam o trabalho todo sozinhos porque não tinham sido treinados para criar, ou não gostavam.

Quando virei Diretor de Criação, percebi que seu eu participasse da equipe de planejamento podia ajudar a melhorar os briefings que passávamos para a criação. Como profissional de criação, eu tinha a visão do processo que vinha em seguida, sabia o que ia ajudar ou atrapalhar a inspiração de nossos colegas. Foi uma bela experiência a prática de pensar as campanhas, antes mesmo delas serem criadas.

Mais tarde percebi que o buraco era mais embaixo. Na verdade existiam e existem empresas que já são criativas elas mesmas. São baseadas em valores que fazem com que o próprio trabalho deles no dia a dia seja mais criativo que os concorrentes. Em todos os sentidos. E quando a bola chega na agência de propaganda, já vem redondinha, é só chutar e marcar o gol. E correr para a plateia, para buscar o prêmio.

Porque uma empresa, na verdade, se diferencia das outras pelos valores e idéias que ela representa. São estes valores que determinam o comportamento dela e de seus funcionários. O que ela faz nada mais é que a materialização dessas intenções expressas nos valores. Está lá no DNA se a empresa vai ser moderna, inovadora, diferente. Ou, como a maioria, mais uma empresa igual  às outras. Uma fábrica de produtos, não uma empresa que agrega valor ao que faz.

Mas, além de ter essa visão de construir uma empresa em cima de valores diferenciados, a empresa também precisa ter coerência. Escolher o que pretende ser, acreditar, ter coragem e seguir este caminho sem desviar do rumo. Poucas empresas conseguem criar e realizar essa proeza.

Um belo exemplo disso é a Apple. Numa época em que Microsoft e Dell perseguiam o objetivo de um computador em cada casa, em cada escritório, Steve Jobs desafiou: “Não queremos fazer computadores. Queremos mudar a vida das pessoas”. E soltou aquela frase, que acompanha a Apple até hoje, criada por um publicitário amigo dele: Think Different. Passou por várias crises, quase quebrou, mas manteve a coerência. Hoje é a empresa mais valiosa do mundo. E uma das mais admiradas.

Mudou realmente a vida das pessoas? Mudou primeiro a indústria gráfica e de cinema com seus computadores e softwares, diferenciados na época. Mudou a nossa forma de trabalhar em propaganda, com os computadores gráficos. Mudou o conceito dos celulares com o iPhone, o primeiro smartphone com aplicativos, um verdadeiro mini computador. Lançou o iPod, que mudou a indústria da música. Inventou o Ipad, que mudou de vez a vida de todos nós. E está mudando a forma de fazer jornais, livros, TV.



Quer uma aula de coerência? Leia a biografia de Steve Jobs, por Walter Isaacson. Você vai ver como ele era obcecado por este posicionamento, nos mínimos detalhes. E cobrava todo dia de seus colaboradores a execução dessas ideias. Nos produtos, no conceito das lojas Apple, até em detalhes como a pedra que seria o piso das lojas –depois de várias lojas prontas, achou na Itália uma pedra com o tom de cinza que ele  estava perseguindo, mandou trocar os pisos de todas as lojas.

Baseada nestes conceitos, e nessas estórias, Communication Thinking é isso: uma outra forma de pensar o mundo. Um jeito bem aberto de enxergar o momento e planejar o futuro, do ponto de vista dos valores que movimentam uma empresa e seus produtos. E dos resultados que eles vão conseguir. Incluindo aí sua relação futura com os consumidores, examinando se esses mesmos valores (que são a base da imagem e do comportamento da empresa) também vão motivar as pessoas, interagir com elas. É uma forma de enxergar o processo de comunicação como um todo, até o fim, antes mesmo dele começar.

Estou botando minhas ideias no papel, correndo o risco de soar muito professoral. Mas é que algumas coisas têm que ser escritas com precisão, para não deixarem dúvidas. Para mim,  o conceito está claro e qualquer profissional de comunicação tem prática e conhecimento para pensar assim.

Só resta romper a barreira de quem só chama o profissional de criação quando quer criar e veicular uma campanha. Pois saibam que tudo que sua empresa faz é comunicação: a forma como você se relaciona com seus funcionários, a forma como eles se relacionam com seus clientes, o design de suas embalagens, todo contato da sua empresa com os outros faz parte do seu processo de comunicação.

Pois saibam, também, que existe uma forma diferente de pensar empresas, produtos, imagens de marca, e que não acaba necessariamente com uma campanha de comunicação. Mas sim resolvendo problemas, melhorando o futuro das empresas. Às vezes, sem fazer nenhum anúncio. Só pensando.



46- UM BALANÇO FINAL DE COMUNICAÇÃO E TECNOLOGIA.

Antes de mudar de assunto, não podia deixar de fazer um rápido balanço do que aconteceu em com a indústria de comunicação, desde que comecei a escrever sobre Comunicação e Tecnologia – e como isso está afetando a vida das pessoas e das empresas. Aí vai:
Os jornais avançaram, têm formatos mais amigáveis para o jornal digital. Adotaram a cobrança por barreira do NYT, onde você tem acesso grátis a um pequeno número de notícias –a partir daí precisa ser assinante. Mas ainda continuam levando o jornal diário, de papel, para o mundo digital. Ainda tem muito espaço para evoluir, como edições que mudam durante o dia, mais participação dos leitores, links para informações que expliquem mais profundamente os fatos, e por aí vai. A gente continua lendo o que já viu ontem na internet, ouviu no rádio e viu no Jornal Nacional. Os jornais (revistas é bem parecido) ainda não acharam seu novo papel.
As TVs abertas estão perdendo audiência. As TVs pagas, com canais especializados, crescem. Mas o futuro aponta para você assistir o que quiser, na hora que quiser. Empresas como Netflix (filmes e shows à disposição, por assinatura mais barata) crescem e acabaram com as locadoras tipo Blockbuster. Começam a produzir seu próprio conteúdo, além de mostrar os filmes dos grandes estúdios. Mas a garotada ainda passa mais tempo diante de computador do que da TV. O futuro das Tvs começa a engatinhar.
A TV Globo procura se adaptar aos novos tempos: participa do negócio de TVs pagas, tem vários canais especializados, abriu pay per view de seus programas, abre sites para buscar relacionamento com telespectadores e integração de sua programação com redes sociais. Incentiva a segunda tela –gente acompanhando sua programação olhando o smartphone ou o iPad ao mesmo tempo, onde tem mais informações sobre o que está acontecendo.


(Uma nova lei, nesse meio tempo, exige porcentagem de produção nacional na TV e está aumentando o mercado de produção de conteúdo nacional. E as produtoras brasileiras estão respondendo bem, com várias séries de qualidade.)
Os livros digitais crescem nos países desenvolvidos e ameaçam grandes redes de livrarias. No Brasil demoraram para chegar e as editoras nacionais não entenderam (ou não quiseram se associar) que os primeiros leitores de livros digitais tinham aparelhos Kindle ou iPad. Lançaram livros para equipamentos digitais que ninguém tinha, o que talvez explique as baixas estatísticas de vendas. Escritores mais espertos lançam os livros de papel com editora nacional, mas o digital vai para a Amazon –que vende no mundo todo. Claro que o caminho é este, apesar de que a gente ainda gosta de um livro de papel, para manusear e cheirar.


SÓ PARA REGISTRAR:
Até esta postagem, este blog se anunciava assim:
COMUNICAÇÃO E TECNOLOGIA.  As novas tecnologias mudando a vida das pessoas e das empresas.
E se explicava assim:
Análise (e muitas opiniões) da relação entre os meios de comunicação tradicionais e as novas tecnologias. As mudanças que estão acontecendo cada vez mais rápido, o ponto de vista de um profissional de comunicação: estratégias, posicionamentos, imagens de marca, novos negócios, oportunidades, mudanças de hábito do consumidor. O iPad como acelerador destas mudanças.
 A partir de agora vai mudar para:
COMMUNICATION THINKING. Pensar marcas, empresas, acontecimentos, com o olhar da comunicação.