É a notícia do que aconteceu com uma pessoa contra a notícia do que aconteceu com todos. É a rede social completando o que a TV e a imprensa mostraram. Veja no Japão: na TV e nos jornais você vê o grande evento –o terremoto e o, ainda mais assustador, tsunami. Um espetáculo de imagens lindas e aterrorizantes.
Mas tem o Paulo, seu amigo, que está lá. E aí entram as tecnologias (twitter, facebook, skype) que vão dar uma mãozinha. -Alguém viu o Paulo depois do Tsunami? Dá para falar com ele?
Você entra no facebook todo dia e vê, minuto a minuto, o que acontece com seus amigos, com seus filhos, com seus parentes. Com pessoas que moram ali, no bairro ao lado, mas que não dá tempo de ver toda hora, ou pessoas que moram do outro lado do mundo. Tanto faz. Aqui todo mundo fica pertinho.
Aqui você fica sabendo tudo que acontece com estas pessoas, através de várias pequenas notas diárias, fotos e comentários que não interessam para o mundo, mas interessam sim (e têm até alto valor emocional) para quem participa desse grupo. É o jornalismo pessoal de cada um de nós, mostrando um pouco da nossa intimidade para as pessoas que a gente gosta.
Para que esta convivência simples, que trata de coisas do dia a dia, vire matéria de utilidade pública, basta um fato grande e traumático como o que acontece hoje no Japão. Ou pode, até, ficar mais importante ainda (do ponto de vista da informação), como no caso da Líbia, em que tudo que se vê foi postado por algum jornalista amador –já que a imprensa não entra lá. Aí, as chamadas redes sociais substituem a grande imprensa e passam a informar o mundo. Para desespero dos ditadores.
A primeira vez que ficou bem claro o papel de jornalismo de utilidade pública das redes sociais foi, se não me engano, na revolta da China. O criador do twitter nunca imaginou este papel revolucionário para o comunicador que ele criou para as pessoas falarem entre si. Nem o pessoal do facebook sequer sonhou que o Egito viveria a chamada Revolução do Facebook.
O limite entre uma coisa e outra é que, no seu grupo, você acredita no que seu amigo fala, já que conhece o cara há 20 anos. Mas quando alguém posta uma notícia da Líbia, ninguém conhece quem escreveu ou fotografou. Como acreditar que é de verdade?
Este é o papel da imprensa, profissionais que vivem para nos informar. Já construíram sua imagem de credibilidade e ninguém precisa checar o que eles dizem. Mas, com o desenvolvimento das tecnologias, cada vez mais o não-profissional vai influir nos meios de comunicação profissionais. Não só nos grandes eventos, como agora, mas no dia a dia. Interagindo, acrescentando, dando seu depoimento pessoal, comentando.
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