sexta-feira, 25 de março de 2011

21- ATÉ A PRESIDENTE DILMA USA O iPAD, PRINCIPALMENTE PARA LER.

Deu o que a gente já sabia. Mas tem gente que só acredita quando tem uma pesquisa comprovando. Estudo feita pela Reynolds Journalism Institute, dos EUA, (feito em dezembro de 2010 com usuários de iPad) mostrou que a maioria das pessoas usa o tablet principalmente para se informar. O que significa ler jornais todo dia, revistas, fotos e filmes que vêm com eles. Nada mais natural.

A maioria dos usuários pesquisados são homens, com alto grau de instrução e idade entre 35 e 64 anos. Mais velhos do que eu imaginava e mais velhos do mostram as filas enormes de compradores entusiasmados de iPad. Um bom perfil para buscar publicidade. Pois 85% deles dizem que passam, pelo menos, 30 minutos diários lendo notícias no tablet. Já 49% admitem que passam mais de 1 hora por dia.

Aí estão os números que mostram o que a gente já sabia. Porque a grande virtude do tablet é ser um ótimo leitor: de jornais, revistas, livros, filmes. E ele já se paga por isso. Quem nunca experimentou uma tela destas na mão não pode imaginar como é prático e gostoso. Uma experiência completamente diferente de ler um jornal na tela do desktop ou do notebook. Isso sem nem falar nas possibilidades de interação que o aparelhinho nos traz.

Outra coisa importante que eles falaram: mais da metade de usuários de iPad pesquisados, que também são assinantes de jornais impressos, falam de sua intenção de cancelar a assinatura do jornal de papel. Claro, o iPad dá muito mais opções –você não precisa escolher um jornal para levar para casa. Você pode ler todos que quiser, de qualquer parte do mundo. Por enquanto, quase todos de graça. Então você  passa mais tempo na telinha, lendo muito mais do que na época que assinava apenas um jornal local.

Aqui no Brasil, com certeza é a mesma coisa. Eu estou na faixa etária dos pesquisados e na categoria dos que passam mais de 1 hora por dia lendo jornais: Folha e Estadão quase sempre, às vezes O Globo e o 247 (sugiro para eles escrever 24.7, assim com um ponto, para a gente entender direto que é 24 horas, 7 dias por semana), feito especialmente para iPad. E também o G1, um bom formato com notícias escritas e vídeos dos principais jornais da Globo TV.

Dou uma olhada no NYT (adoro a seção de fotos deles, porque ninguém faz isso no Brasil? São reportagens fotográficas com legendas, nem sempre de assuntos que dão manchete, mas que estão ali porque as fotos são bonitas e grandes), no Le Monde, na BBC (olhava o Times mas eles já começaram a cobrar). Um giro global quando tenho tempo. Se não dá, se tenho que escolher um, vou de Folha –que tem o formato mais rápido e prático.

E chegamos a um ponto importante para os jornais brasileiros: o formato digital é importante para completar essa experiência prazerosa. Os grandes jornais do mundo inteiro adotam o formato Folha (NYT, WSJ, Le Monde, etc). Você baixa rapidamente o índice, com os títulos das matérias. E as matérias só vão sendo baixadas (também rapidamente) quando você clica no titulo do que quer ler. Simples e rápido.

Existe um outro formato usado pelas revistas: você baixa a edição inteira (demora tipo 8 minutos ou mais) para depois ler quando quiser, sem precisar estar online. Tudo bem para revistas semanais (você faz isso só uma vez por semana) ou mensais. Mas tem muito jornal usando este formato no dia a dia.

Lembro de quando o pessoal reclamava que o iPad estava demorando para chegar ao Brasil e alguém publicou que a Apple achava a banda larga brasileira tão ruim que ia desacreditar o produto deles. Não sei se isso era verdade, mas tem razão de ser. Comprei meu iPad nos EUA e usei uma semana lá, antes de voltar para o Brasil. E a diferença é brutal. Tanto no WiFi como em 3G, as coisas baixam lá, no iPad, instantaneamente. Depois cheguei aqui e percebi uma grande diferença –nossas ditas bandas largas não são consideradas realmente largas pelos padrões internacionais -e ainda custam muito mais caro que as bandas largas de verdade.

Os responsáveis pela tecnologia dos grandes jornais brasileiros deviam levar isso em conta. Gosto do Estadão, mas leva 3 a 4 vezes mais tempo para ler. O formato de baixar a foto do jornal de papel é demorado e cai várias vezes enquanto você tenta ler. Aí demora mais tempo ainda para começar tudo de novo.

O formato do 24.7 é de revista (baixa toda a edição), mas ele é uma revista mesmo. Não é um jornal, se a gente definir jornal como um veículo que você lê e está com todas as informações do dia. (Não é isso, mas está começando, quem sabe chega lá. Ou quem sabe resolveram mesmo ser uma revista diária, com temas escolhidos.) O Globo tem um formato demorado de baixar, enquanto o G1 já tem um formato gostoso –e são da mesma empresa.

Acho bom eles pesquisarem melhor o formato que o usuários gostam, porque o que acontece hoje nos EUA, com milhões de iPads vendidos, vai acontecer aqui. Por enquanto nós, usuários de tablets, somos poucos. Mas a tendência é crescer muito o número dos leitores de jornais eletrônicos. A própria Presidenta Dilma declarou que já é leitora de iPad. Não falou o jornal que prefere, mas que lê livros que compra da Amazon –que vende livros digitais mais barato que a Cultura e a Saraiva no Brasil.



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