quinta-feira, 28 de abril de 2011

27- A NOVA GERAÇÃO DE LIVROS DIGITAIS.

Não preciso falar muito para você entender todas as possibilidades dos livros digitais. Basta assistir este vídeo curtinho abaixo. Depois imagine que tudo isso também é possível numa revista, num folheto, num anúncio, num jornal. Seja bem-vindo ao mundo digital.


terça-feira, 26 de abril de 2011

26- FOLHA X ESTADÃO NO iPAD. QUEM É QUE GANHA?

No mundo real é assim: você vai até a banca da esquina e compra seu jornal preferido. (Ou faz uma assinatura e eles te entregam em casa.) Você escolhe um jornal, lê apenas um jornal que te deixa em dia com tudo que está acontecendo. E parecia suficiente.

No mundo digital você tem acesso a todos os jornais, do mundo inteiro, com um clique. E ler um jornal só, agora parece pouco. Vamos ver o que o Estadão diz sobre este assunto. E O Globo? A visão americana do NYT? E o Le Monde? Como você vê,  o mundo online com certeza enriqueceu seu acesso à informação.

Mas com tanta oferta de notícias a toda hora, o que você vai ler? Primeiro seu jornal preferido, o mesmo que você comprava na banca da esquina. Que fala da sua cidade, do seu país, e depois do mundo. Aí então você completa a informação do dia com uma passada de olhos pelos outros jornais, não é mesmo?

Então, conteúdo é fundamental. Tanto na banca da esquina como no iPad. Você escolhe um jornal de papel pela qualidade da informação, pelas opiniões que mais parecem com as suas. Porque graficamente todos são do mesmo tamanho, são visualmente parecidos. No computador também, todos seguem o mesmo modelo de site. Mas no iPad, nossos jornais locais começaram a ficar diferentes.

Tem um modelo que está consagrado na maioria dos jornais do mundo inteiro, e que tem razão de ser. Ele baixa rapidamente a marca do jornal, com um índice do conteúdo –tudo organizadinho, separado por seções. Isso dura uns 20 segundos. Você clica no título da notícia que quer ler e ela baixa rapidinho também, com foto e tudo.

É simples, fácil e rápido de usar. Aí cada jornal personaliza sua apresentação com um layout mais limpo ou mais poluído, com mais fotos ou menos fotos e pronto. Mas é um formato onde você fica com a sensação de que ali tem tudo que aconteceu no dia. É o formato usado pela Folha.

Tem um outro formato que as revistas usavam e que, desde que o  The Daily (o primeiro jornal criado especialmente para iPad) começou a usar, outros seguiram –como o Estadão. Ele baixa o conteúdo inteiro no seu tablet para você ler à vontade, mesmo estando offline, como eles dizem.

Isso demora uns 10 minutos e ainda ocupa a memória do iPad (memória não é o forte do iPad). Tudo bem numa revista semanal ou mensal, que você baixa tudo e depois vai lendo aos poucos. (De vez em quando você deleta o Aplicativo com os números antigos, para esvaziar a memória, aí baixa o App outra vez e começa tudo de novo. Os Apps deviam vir de fábrica com uma opção para deletar os números antigos). Mas não é o mais indicado para um jornal diário –que geralmente você lê de uma vez.

Este formato também tem a cara de uma revista, é lógico, e não de um jornal como a gente está acostumado. Pode até ser bonito graficamente, com grandes fotos, grandes espaços para o texto, para os anúncios. Mas passa a sensação de que você tem menos informação para ler, que não te contaram tudo que aconteceu no dia. Não preenche, sabe como é?

Por isso, desculpe Estadão. Desde que vocês lançaram este novo formato prefiro ler o jornal no velho formato Edição Impressa – que mostra a foto do jornal de papel que está na banca. Demora os mesmos quase 10 minutos para baixar, mas dá a impressão de que fiquei melhor informado quando acabei de ler. Cai com bastante freqüência, você tem que começar tudo de novo. Mas, graças a Deus, agora tem um índice que te leva para a página em que você estava, quando a leitura foi interrompida.

Se a maioria dos assinantes também estiver escolhendo esta versão antiga, não é porque eles são reacionários, nem porque ela é a melhor. Mas sim porque a versão Tablet não está funcionando como vocês esperavam. Ou eu sou o único que está preferindo esta versão mais antiga do Estadão?

Resultado do jogo, até agora,  para a satisfação do leitor: Folha 1 X Estadão 0. Isso sem falar que a Folha ainda é grátis no iPad e o Estadão cobra R$ 29,99 por mês. Vamos esperar o segundo tempo para ver como é que fica.




domingo, 17 de abril de 2011

25- MAIS RÁPIDO DO QUE SE ESPERAVA: LIVRO DIGITAL VENDE MAIS QUE LIVRO DE PAPEL.

As mudanças nos hábitos das pessoas mudam tão rápido quanto as mudanças tecnológicas? É o que parece acontecer, cada vez com mais freqüência. Fim do ano passado a Amazon anunciou que estava vendendo mais livro digital que de papel. Tudo bem, afinal eles foram os primeiros a lançar um leitor digital, o kindle- e passaram a treinar as pessoas para o novo tipo de leitura. Venderam milhões de maquininhas, com preço bom, estão colhendo o resultado.

Mas agora é geral: no mercado americano de livros, a versão digital pela primeira vez disparou na frente, se tornou a categoria mais vendida da indústria editorial americana. Isso significou, em fevereiro, vendas de US$ 90,3 milhões (com crescimento de 202% sobre o mês anterior). Contra os livros de papel, que venderam US$ 81,2 milhões.

Ainda acho mais gostoso ler um livro tradicional. Pegar, folhear, marcar a página. Deixar na cabeceira para ler depois. Também tem gente que gosta do cheiro- do papel e da cola. Tenho um amigo, o Oto, que me levava na hora do almoço para visitar livrarias. Adorava a Livraria Francesa, lá no centrão, onde os livros importados tinham um cheirinho especial.

Mas o que deve estar mudando tão rapidamente o hábito de ler é a praticidade- poder carregar, numa viagem, uma biblioteca inteira na bolsa. Poder comprar livros instantaneamente, na hora que dá vontade de ler, com um clique. Poder comprar livros estrangeiros facilmente. E tudo isso com bons preços. (Melhores mesmo lá fora que no Brasil, onde os livros digitais ainda são vendidos pelo mesmo preço dos livros de papel. O que é um absurdo.)

E isso também nos leva a outra coisa interessante que está acontecendo: os livros que só nascem digitais. Um caso bem típico deste novo fenômeno é o de Amanda Hocking, escritora americana que, aos 26 anos, já publicou nove livros só digitais –e já vendeu mais de 1 milhão de exemplares. Por preços que vão de US$ 0,99 a US$ 2,99 cada exemplar, e onde o autor fica com 70% do total arrecadado. Ficou rica, ficou famosa.

Aconteceu assim: Amanda escreve livros juvenis com temática paranormal –o que é a nova moda, depois dos Harry Potter e dos vampiros bonzinhos. Tentou se vender para várias editoras, sem sucesso. Aí começou a publicar livros digitais (tem vários sites onde você publica o que quer, para ser vendido ou distribuído grátis). E veio o sucesso. Agora Amanda, famosa e rica, está assinando com uma grande editora tradicional, por US$ 2 milhões. Só porque ela está cansada de escrever, divulgar, fazer RP, tudo sozinha.

Este é um ótimo caminho para quem quer começar a vida de escritor sem depender do esquema das editoras, que pagam muito menos para o autor. E podem não gostar do que você escreve. Ou até para autores já famosos, como o Paulo Coelho que entregou a venda dos seus livros, em formato digital, para a Amazon (para ganhar mais, é claro).

A história dos livros digitais está tão séria quem tem várias empresas de software buscando uma solução digital para a dedicatória e o autógrafo do autor no livro. Como, numa sessão de autógrafos, ele pode assinar um livro digital?

Tem gente que resolve isso tirando uma foto com o escritor e publicando em seu site ou facebook –uma prova viva de que tem intimidade com o cara famoso. Tem gente que já pensa em download do livro com uma página a mais em branco, só para isso. Porque viabilizar uma assinatura digital significa que o escritor pode até fazer uma sessão de autógrafos online. Assinando livros de seus fãs que podem estar espalhados pelo mundo. Bem típico do mundo digital, não acha?



domingo, 10 de abril de 2011

24- PROPAGANDA COMO O iPAD GOSTA: PARTICIPATIVA, INTERATIVA.

Parece óbvio dizer que uma peça de propaganda para os tablets deveria usar as possibilidades de interação que eles têm. Mas não é o que está acontecendo no dia a dia. Quem tem usado o iPad para ler jornais e revistas digitais vê que a grande maioria se resume a reproduzir as peças da mídia impressa, como se estivesse imprimindo o anúncio em papel. Do mesmo jeito que a maioria dos veículos também está fazendo ainda, nos tablets, uma reprodução fotográfica do que fazem no mundo do papel.

Vai demorar um tempo para jornalistas e publicitários se acostumarem com a nova tecnologia e começarem a tirar proveito total destas novas possibilidades. Primeira coisa a fazer é todos os envolvidos passarem a conviver com um tablet. A gente tem a impressão de que quem faz as versões digitais da maioria dos jornais e revistas não entende bem do que se trata, não deve ter um tablet na mão para testar seu próprio trabalho.

Os publicitários também. Devem continuar com aquela visão antiga de que redator e diretor de arte cuidam dos anúncios impressos. E o departamento digital (aqueles garotos que entendem de tudo sobre tecnologia) é que cuida do que é online.

Na verdade uma idéia é uma idéia. Não importa em que mídia ela vai ser mostrada para o consumidor. Criadores têm idéias e depois contratam quem vai executar –o fotógrafo, a produtora de cinema, ou a produtora de peças digitais. Simples assim. Só que os criadores de hoje têm que ter uma visão geral das possibilidades de cada mídia para adaptar sua idéia a cada uma delas. E saber o que pedir para quem vai executar.

No cenário de hoje, quem usa as possibilidades dos tablets acaba se sobressaindo, seus anúncios chamam a atenção. Vou dar o exemplo de duas peças que vi nos últimos dias e chamaram a minha atenção –por usarem estas inovações.

A primeira é da Ralph Lauren. Cheguei num anúncio do New York Times que prometia uma nova experiência em comprar roupas. Cliquei. Caí na loja de aplicativos da Apple. Um App da RL pedia para ser baixado grátis. Baixei. Quando abri, uma música suave, uma mulher em fundo branco, vestida de Lauren. Clique aqui para continuar. Cliquei. Uma mulher bonita aparece girando na ponta dos pés com vestido RL. Música gostosa e suave ao fundo. Imagem belíssima em câmera lenta. Você assopra no microfone do iPad e a imagem gira mais rápido.

Num outro botão, outra mulher (tudo em câmera lenta) gira no ar em branco e preto. Você é convidado a passar o dedo pela imagem que vai ficando colorida onde você tocou. Noutro botão, um homem musculoso gira no ar, lembrando a capoeira. Conforme você toca na imagem ele vai mudando de roupa. Noutro botão, mulher gira no ar, você toca e vai ficando marcada imagem de quando você tocou e a mulher continua a girar. Você vai tocando e deixando imagens fantasmas no ar.

Tudo muito bonito, de bom gosto, câmera lenta, cada botão mostrando uma roupa diferente, explorando todas as interações possíveis num iPad. Uma brincadeira, uma forma de se relacionar de forma diferente com aquela marca. Depois você aperta o botão Shop e a mágica acaba –aparecem os preços altos de todas as roupas mostradas de forma tão gostosa. (Só dá para assistir ao vivo se você tiver um iPad, acessar a App Store e baixar o aplicativo.)

O outro exemplo é mais simples, mas criativo. Você está folheando um jornal alemão (o Die Weltz) e aparece uma pessoa em cena de tortura, sozinha na página. Você tenta mudar a página, ela se recusa. Depois que você tenta algumas vezes, aparece um letreiro: A tortura só desaparece quando alguém está fazendo alguma coisa a respeito (Torture diseppears only when one is doing something about it). Você clica no letreiro e cai no site da Anistia Internacional. Veja abaixo.

Faça alguma coisa. Participe, interaja.






23- VOCÊ JÁ CONHECE A SILICON ART?

A gente já viu arte digital nas mais variadas formas. Artistas que usam as possibilidades da tecnologia para fazer arte. Para fazer coisas que sem a tecnologia não seriam possíveis. Ou até mesmo usam o computador ou o iPad para repetir o  ritual da arte tradicional –pintando quadros do mesmo jeito que fazem no mundo real: uma tela no fundo e tinta em cima.

Mas eu não tinha ouvido falar em arte escondida nas peças dos computadores. Pois uma empresa chamada Chipworks, que examina chips, aquelas peças pequeninas dentro dos computadores, descobriu desenhos escondidos ali –coisa que só se consegue ver com microscópios que aumentam a imagem de 200 a 500 vezes.

São desenhos simples, que lembram grafites de rua –já que eles têm uma superfície bem pequenina mesmo para se expressar. Assim mesmo, estes engenheiros que trabalharam naqueles chips encontraram esta forma de personalizar as peças que criaram ou desenvolveram, gravando ali uma espécie de assinatura. Lembra aquelas assinaturas dos grafiteiros, não é?

Reproduzo abaixo algumas amostras deste novo tipo de arte recém descoberta. Quem quiser saber mais, tem uma matéria na revista Wired, na internet. 

Ou então visite o que é uma espécie de exposição da chamada Silicon Art, no próprio site da Chipworks. Para os mais curiosos, eles até explicam a técnica que os artistas usam para desenhar nesse espaço reduzido, em superfícies de metal. Vá em http://www.chipworks.com/en/newsroom/media-resources/silicon-art-library

Quem diria que engenheiro também produz arte.





domingo, 3 de abril de 2011

22- QUANTO VOCÊ TOPA PAGAR POR UM JORNAL DIGITAL?

A internet nasceu para democratizar o conhecimento e a troca de informações, certo? Então nada mais democrático do que colocar o mesmo preço em tudo: grátis. Foi assim que as pessoas foram se acostumando com música grátis, filmes grátis, revistas grátis, jornais grátis. Tudo grátis. Para desespero dos produtores de informação.

Depois de uma grande sacudida nos negócios envolvidos, várias brigas na justiça, grandes discussões sobre direitos autorais, as coisas vão se acomodando aos poucos. Empresas, tecnologia e consumidores vão chegando a um acordo.

Música grátis, por exemplo, virou música paga por um preço mais justo -e o iTunes, com a ajuda do iPod, virou a maior loja de músicas do planeta. As gravadoras e músicos aprenderam a viver no novo cenário e o negócio evolui nesse caminho.

(Ainda tem gente que continua buscando o grátis na pirataria, principalmente nos países como o nosso, em que as novas regras ainda não foram absorvidas. Mas ficou a lição: quando o preço é considerado decente, pelo consumidor, diminui bastante a procura de formas de contornar a lei.)

Pois esta semana marcou o começo de mais um capítulo na novela da busca de um novo caminho, no modelo de negócio dos jornais digitais. O New York Times, nos EUA, e o Estadão, aqui em São Paulo, começaram a cobrar acesso de seus leitores às suas versões do jornal na internet e no iPad -por extensão, para os outros tablets que vêm por aí.

Para o NYT não é novidade, ele já tentou cobrar acesso na internet outras vezes e não deu certo, voltou atrás. Agora ele tenta de novo -quando declara ter nada menos que 1 milhão e meio de leitores no iPad (lançado há um ano) e 30 milhões no seu site, com acesso grátis. Números inimagináveis para um jornal brasileiro. Quantos vai perder com o novo pedágio?

(A nova assinatura é complicada: custa US$ 15 ao mês para ter acesso ilimitado ao conteúdo na internet via computadores e celulares, US$ 20 para acessar de computadores e do iPad, US$ 35 de qualquer dispositivo. Mas para não correr muito risco, o NYT deixa liberada a leitura grátis de até 20 artigos por mês. Também libera a leitura para quem vier de indicações das redes sociais Twitter e Facebook, ou através de busca no Google.)

Outra referência de preço no mercado americano é o The Daily, jornal criado pelo mega empresário das comunicações Murdoch, especialmente para o iPad, e que é vendido a US$ 0,99 por semana ou US$ 40 por ano (não estou comparando conteúdos). Não temos informação de quanto está vendendo.

Já no Brasil, não sabemos quantos leitores digitais o Estadão tem. Já cobrava R$ 29,90 ao mês, por acesso ilimitado na internet, mas deixava grande parte das notícias com acesso grátis -e não cobrava nada no iPad. Agora estendeu a assinatura digital na loja do próprio Estadão, por R$ 29,90 ao mês, para o iPad -e vende exemplares avulsos na Appstore (loja da Apple) por US$ 1,99 (em dólar mesmo).

Seu maior competidor, a Folha, também deixa grande parte do conteúdo com acesso grátis na internet (ilimitado só para assinantes do UOL ou da Folha de papel) e continua com a versão para iPad grátis.

Se vai dar certo? Não sei. Não sou a favor da informação grátis para tudo. Afinal, tem empresas e profissionais que escrevem e produzem os jornais. Vivem disso e merecem todo o nosso respeito.  E nós precisamos de qualidade de informação no dia a dia.

Mas sou a favor de preços justos, já que para fazer um jornal digital não é necessário grandes impressoras, toneladas de papel, frota de caminhões para distribuir, gasolina, etc. Jornal digital tem apenas o custo da equipe e da tecnologia, o que é muito mais barato. E isso deveria se refletir no preço que querem cobrar pelos jornais digitais. Se o Estadão custa R$ 3,00 na banca, quanto deveria custar no iPad?

Preço bom é aquele que os consumidores consideram justo. É como fazer um acordo entre quem vende e quem compra. A internet vai buscando seu modelo de negócio na música, nos jornais e revistas, nos livros, nos filmes. Mas, como um meio democrático que é,  sempre com a participação ativa dos consumidores. Que fazem a coisa dar certo ou não. Quanto você topa pagar por um jornal digital? Por uma música? Por um livro digital? Pelo aluguel de um filme?