domingo, 10 de abril de 2011

24- PROPAGANDA COMO O iPAD GOSTA: PARTICIPATIVA, INTERATIVA.

Parece óbvio dizer que uma peça de propaganda para os tablets deveria usar as possibilidades de interação que eles têm. Mas não é o que está acontecendo no dia a dia. Quem tem usado o iPad para ler jornais e revistas digitais vê que a grande maioria se resume a reproduzir as peças da mídia impressa, como se estivesse imprimindo o anúncio em papel. Do mesmo jeito que a maioria dos veículos também está fazendo ainda, nos tablets, uma reprodução fotográfica do que fazem no mundo do papel.

Vai demorar um tempo para jornalistas e publicitários se acostumarem com a nova tecnologia e começarem a tirar proveito total destas novas possibilidades. Primeira coisa a fazer é todos os envolvidos passarem a conviver com um tablet. A gente tem a impressão de que quem faz as versões digitais da maioria dos jornais e revistas não entende bem do que se trata, não deve ter um tablet na mão para testar seu próprio trabalho.

Os publicitários também. Devem continuar com aquela visão antiga de que redator e diretor de arte cuidam dos anúncios impressos. E o departamento digital (aqueles garotos que entendem de tudo sobre tecnologia) é que cuida do que é online.

Na verdade uma idéia é uma idéia. Não importa em que mídia ela vai ser mostrada para o consumidor. Criadores têm idéias e depois contratam quem vai executar –o fotógrafo, a produtora de cinema, ou a produtora de peças digitais. Simples assim. Só que os criadores de hoje têm que ter uma visão geral das possibilidades de cada mídia para adaptar sua idéia a cada uma delas. E saber o que pedir para quem vai executar.

No cenário de hoje, quem usa as possibilidades dos tablets acaba se sobressaindo, seus anúncios chamam a atenção. Vou dar o exemplo de duas peças que vi nos últimos dias e chamaram a minha atenção –por usarem estas inovações.

A primeira é da Ralph Lauren. Cheguei num anúncio do New York Times que prometia uma nova experiência em comprar roupas. Cliquei. Caí na loja de aplicativos da Apple. Um App da RL pedia para ser baixado grátis. Baixei. Quando abri, uma música suave, uma mulher em fundo branco, vestida de Lauren. Clique aqui para continuar. Cliquei. Uma mulher bonita aparece girando na ponta dos pés com vestido RL. Música gostosa e suave ao fundo. Imagem belíssima em câmera lenta. Você assopra no microfone do iPad e a imagem gira mais rápido.

Num outro botão, outra mulher (tudo em câmera lenta) gira no ar em branco e preto. Você é convidado a passar o dedo pela imagem que vai ficando colorida onde você tocou. Noutro botão, um homem musculoso gira no ar, lembrando a capoeira. Conforme você toca na imagem ele vai mudando de roupa. Noutro botão, mulher gira no ar, você toca e vai ficando marcada imagem de quando você tocou e a mulher continua a girar. Você vai tocando e deixando imagens fantasmas no ar.

Tudo muito bonito, de bom gosto, câmera lenta, cada botão mostrando uma roupa diferente, explorando todas as interações possíveis num iPad. Uma brincadeira, uma forma de se relacionar de forma diferente com aquela marca. Depois você aperta o botão Shop e a mágica acaba –aparecem os preços altos de todas as roupas mostradas de forma tão gostosa. (Só dá para assistir ao vivo se você tiver um iPad, acessar a App Store e baixar o aplicativo.)

O outro exemplo é mais simples, mas criativo. Você está folheando um jornal alemão (o Die Weltz) e aparece uma pessoa em cena de tortura, sozinha na página. Você tenta mudar a página, ela se recusa. Depois que você tenta algumas vezes, aparece um letreiro: A tortura só desaparece quando alguém está fazendo alguma coisa a respeito (Torture diseppears only when one is doing something about it). Você clica no letreiro e cai no site da Anistia Internacional. Veja abaixo.

Faça alguma coisa. Participe, interaja.






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