sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

8- NO CALENDÁRIO DA TECNOLOGIA, 2010 FOI O ANO DO IPAD.

Poderia ter sido o ano dos tablets. Porque nada mudou mais a vida das pessoas, este ano, que um iPad na mão. E depois de todo seu sucesso inicial, vários fabricantes prometeram concorrência. Só saiu o Galaxy, da Samsung. Menorzinho, mais fácil de carregar, com direito a TV digital, 2 câmeras, funciona como telefone, sistema Android. A turma que conheço e trabalha com tecnologia adora o Android. Dão a entender, nas entrelinhas, que iPad é coisa de mulherzinha. No Android eles podem mexer.

Confesso que sinto falta de uma câmera no iPad para ligar no skype mostrando a cara. Mas como não entendo de tecnologia, acho os Apps (aplicativos do iPad e do iPhone) uma maravilha. E o grande diferencial da Apple.

Com o aplicativo de um jornal como a Folha, dá para ler o jornal no iPad com uma cara completamente diferente, mais gostosa e mais prática, do que a gente lê na internet. Pena que Estadão e O Globo não entenderam isso ainda e ficam replicando o jornal de papel no tablet –ninguém agüenta esperar o download daquelas páginas grandes e depois ficar aumentando as letras para ler. Acho que quem faz isso nunca usou um iPad.

Dá gosto ver as fotos bem feitas, com acabamento de primeira. Quem aproveita bem esse efeito é o The New York Times, que valoriza boas fotografias e bons fotógrafos fazendo matérias fotográficas – que são matéria não porque, necessariamente, o assunto é importante. Mas porque as fotos são bonitas.

Com os apps de revistas, você vê a sua preferida de um novo jeito, é uma nova experiência de comunicação. Fotos 360, animações, gráficos que aparecem quando você toca, filmes, sons, um mundo de novas possibilidades. O número de Veja que comemorou a chegada oficial do iPad no Brasil foi uma festa de efeitos especiais. Achei demais da conta, pro meu gosto pessoal. Mas reconheço que deixaram bem claro que você tinha uma nova tecnologia nas mãos e que daqui para a frente tudo será possível.

Para os anunciantes, acabou a barreira entre mídia escrita e eletrônica. As duas se fundiram na mídia digital e viraram uma coisa só. Eles podem veicular seu filme na página escolhida do jornal ou da revista, do mesmo jeito que na novela de TV. E podem fazer outras coisas que nem na TV é possível.

Os filmes também ficam impecáveis pela qualidade da tela. Pena que no Brasil ainda não tem aluguel de filme na internet a preços aceitáveis. O itunes, por exemplo, não vende nem aluga filme aqui. Então você tem que apelar para a pirataria ou ver filmes educacionais e palestras do TED, que são ótimas.

Em apps como o Flipboard (apontado como um dos tem-que-ter) você lê/vê seu twiter ou facebook de uma forma elegante e muito mais bonita. Falo lê/vê porque as imagens, fotos e filmes, são muito mais valorizados. E você ainda acessa gratuitamente várias revistas de todo o mundo.

Esta nova forma de tecnologia, que faz os tablets, já se justifica só como leitor –de jornais, revistas, filmes, twitters, blogs, livros, etc. E ainda serve para trabalhar. Você baixa um app tipo Word (Pages) ou Power Point (Keynote) por US$ 10,00 cada. Preço de app, não de software da Microsoft. Cumprem diretinho a função por este precinho. Aí você põe o iPad embaixo do braço e leva para qualquer lugar. Faz apresentações para clientes (já fiz várias), escreve numa mesa de café e assim por diante. Se a reunião atrasar, lê o seu livrinho ou assiste um filme enquanto espera.

O grande problema do iPad é a inundação de informações grátis e de qualidade que você tem à disposição. Se você fizer como eu, que fiquei rigoroso na primeira regra da internet (tudo tem que ser grátis) só para ver como é que fica, tem tanta coisa pra ler que não dá tempo. Você tem que arranjar um critério para filtrar o que vai ler mesmo. Pagar por informação, então, nem pensar. Sente falta das revistas que comprava? Sinceramente, não.

Assim como o calendário chinês diz que o ano do rato dá sorte, o calendário da tecnologia diz que o ano do iPad trouxe novas descobertas e muito mais prazer. E uma forma gostosa da gente se relacionar com a tecnologia e os meios de informação. Que veio para ficar e se desenvolver. Se bobear, 2011 vai ser mesmo o ano dos tablets –com muitos concorrentes, o que é sempre bom,  e evolução ainda maior desta tecnologia. E mais gente com um tablet na mão.

Já para o pessoal da mídia escrita (que vê hoje nos tablets o Bicho Papão que pode comer de vez o negócio de tantos anos, baseado no poder das impressoras e da distribuição) espero que 2011 seja o ano da razão. Que entendam de vez que o negócio deles é informação -e que agora têm uma nova forma de edição e distribuição. Que necessariamente não vai acabar com o negócio baseado em papel. Mas que vai mudar, vai. Portanto, mudem senhores.

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