domingo, 12 de dezembro de 2010

2- SEU NOVO DIA-A-DIA.

Vamos aos jornais. Antes do tablet, eu já lia jornais na internet. Mas não é muito fácil nem muito prazeroso. Ficar ali sentado no balcão de trabalho, se aproximando e afastando da tela grande que tenho ligada no meu labtop,  clicando e girando o scroll do mouse. Ficava com o dedo cansado depois do segundo jornal.

Todos os jornais já tinham sua versão para a web. Não dá para não se manter em dia com a tecnologia, não é mesmo? Faz bem para a imagem. A maioria deles tem uma parte aberta ao público (senão ninguém vai lá) e leitura integral para os assinantes do papel (vejam só).

Também têm assinatura digital. Um preço absurdo, se você pensar que aqui eles não gastam com papel, impressão, distribuição, comissões de vendas, etc. Este preço, então, não é estabelecido pela lógica do negócio, mas pelo medo de perder leitores nas bancas. Tou aí, mas quero mesmo é que você me compre na banca da esquina.

Como acontecia a minha escolha na web? Como assinante do UOL, lia a Folha inteira grátis. Simples assim. Nenhum outro fator influiu na minha escolha.

Aí dava uma olhada nas partes abertas do Estadão para ver se tinha alguma coisa diferente. Às vezes ia ao site de O Globo para ver a visão do Rio. Uma olhada no UOL notícias, no G1. E lia sempre os blogs que eu gosto.

Para não ficar pra trás na tecnologia, todos os jornais lançaram rapidinho sua versão para iPad, a nova moda mundial. Antes mesmo do iPad ser lançado aqui eles já “vendiam” na internet suas versões para iPad, o novo atestado de modernidade.

Como é agora? Continuo com a Folha formato iPad em primeiro lugar (hábito adquirido, gente), depois blogs que gosto, até de outros jornais –mas vou direto ao blog, via internet. Depois Estadão, O Globo e  .....The New York Times.

Como vocês vêem, entrou uma nova possibilidade na minha escolha: jornais internacionais. Posso ler facilmente jornais de outros países. Jornais que um dia podem ter uma versão internacional, com notícias de cada país e oferecidos em várias línguas. Estou apenas levantando essa possibilidade –o jornal, do ponto de vista de localização geográfica, não precisa mais ser local. E o Murdoch vai lançar um jornal especial para iPad. Cuidado aí, minha gente.

Outra coisa que começa a pesar na escolha de leitura: o formato de tecnologia escolhido por cada jornal. Continuo fiel à Folha, também,  porque o formato de leitura dela é muito melhor que o do Estadão.

O Estadão e O Globo estão em cima do muro. Reproduzem no tablet uma fotografia do jornal no papel. É como se você estivesse com o jornal na mão, só que digital e menor. Resultado: mais demorado para baixar (erro imperdoável no mundo digital), mais difícil para ler. Você tem que ampliar e ficar passeando na página, para baixo, para cima, para os lados. Aí você faz o gesto para virar a página e quase sempre o sistema falha. Então você toca em páginas do caderno e vê que ficaram páginas em branco no meio. Dá para entender porque escolheram este formato?

Dá sim. Não entenderam ou não assumiram que o formato digital é outro negócio. Tem que ter o melhor formato para aquela mídia, diferente do jornal em papel. E tem que ter anunciantes diferentes para aquela edição, com anúncios criados especialmente. Tem que ser encarado como outra fonte de receita. Ninguém lê (nem vê) um anúncio de página inteira de jornal num pequeno iPad.

Não deve ser fácil para o pessoal dos jornais admitir que o negócio de hoje, o carro chefe do faturamento está com os dias contados. É o fim do jornal de papel? Talvez sim, talvez só diminuam as tiragens. Mas uma coisa é certa: o jornal digital é que vai crescer.

E convenhamos: vocês estão no negócio da informação. Ontem só escrita e impressa em papel. Hoje com um pé na internet, assumindo também a possibilidade da informação audiovisual –filmes e som. Amanhã, provavelmente só digital e cheio de possibilidades.

Não faz mesmo mais sentido derrubar cem árvores para imprimir um jornal, gastar combustível e ajudar a complicar o trânsito para distribuir. Depois criar toneladas de papel que vão para o lixo, se tudo pode ser substituído por um clique.

Novo formato, novo negócio, meus amigos. Por isso a Folha está melhor que os outros, deve estar pensando melhor também. Afinal não tem tanto leitor de tablet no Brasil e então é uma boa chance para testar novas possibilidades. Quem é o mais lido na internet? Se você acha que este título não é importante para o negócio é porque você não está enxergando nem a médio prazo.

Bem, numa coisa todo mundo empatou. Todos oferecem o conteúdo para iPad grátis –por enquanto. E o que vão fazer depois? Estão esperando o resultado do que acontece lá fora? O Murdoch mandou os jornais dele cobrarem por tudo. Nada free. Não colou. Já o New York Times deixou tudo free, ele mesmo diz que é por enquanto. Mas outro dia li que um terço da receita publicitária deles agora vem da internet.

Aposto que este é o modelo que vai pegar. Propaganda e promoções deixando o jornal free (ou bem barato mesmo, preço de internet) para os leitores. O que eu chamo de promoção? Será que nenhum jornal ou revista ofereceu ainda para o Itaú ou Bradesco presentear no natal seus clientes especiais com uma assinatura digital? É um belo presente, não é?

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